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27 DE JANEIRO DE 2009, TERÇA FEIRA
Debate do Le Monde Diplomatique
Revolta na Grécia. De onde vem? Para onde vai?
Vai realizar-se no dia 28, quarta-feira, pelas 22h00, na Associação O Bacalhoeiro (R. dos Bacalhoeiros, 125, junto à Casa dos Bicos, em Lisboa), um debate promovido pelo Le Monde Diplomatique sobre o tema Revolta na Grécia. De onde vem? Para onde vai?. O debate contará com a participação de Paulo Fidalgo (médico) e Ricardo Noronha (historiador).
«Aos bancos, dão dinheiro... aos jovens, dão balas»
por Valia Kaimaki (Jornalista, Atenas)

«Sê bem-vindo ao terreno das lutas sociais. A partir de agora, tens de te proteger a ti mesmo e tens também de proteger as tuas lutas.» Foi esta a resposta que o patriarca da vida política grega, o octogenário Leónidas Kyrkos, personagem fulcral da esquerda, deu à seguinte pergunta: «Que tem a dizer aos jovens que agora se manifestam?»


Após o assassinato por um polícia, no passado dia 6 de Dezembro, de um adolescente de 15 anos, Alexis Grigoropoulos, alunos do ensino secundário e universitário invadiram as ruas de muitas cidades gregas – Atenas, Salónica, Patras, Larissa, Heraklion, Chania (na ilha de Creta), Ioannina, Volos, Kozani, Komotini… Essas manifestações espontâneas, marcadas através de mensagens SMS ou de correio electrónico, levaram a que uma fúria extraordinária eclodisse.


A revolta teve origem em múltiplos factores, dentre os quais a repressão policial constituiu apenas o mais evidente; Alexis não foi, aliás, a primeira vítima da polícia, foi a mais jovem. O fértil húmus da sublevação residiu, obviamente, na crise económica, que atingiu duramente a Grécia antes mesmo de a tempestade mundial ter feito sentir os seus efeitos. Mas à crise económica juntou-se uma crise política profunda, ao mesmo tempo sistémica e moral. Provocada pela falta de transparência na acção dos partidos e dirigentes políticos, esta última teve como resultado a falta de confiança em todas as instituições estatais.


As chagas da ditadura continuam abertas


O assassinato do jovem Alexis não foi um «incidente»; na realidade, o nome deste adolescente acrescenta‑se à longa lista de assassinatos e torturas impunes perpetrados contra manifestantes ou imigrantes. Em 1985, com efeito, um outro jovem de 15 anos, Mikalis Kaltezas, foi abatido por um polícia, logo branqueado por um sistema judiciário que tem mais furos do que um coador. As forças da ordem atenienses não actuam diferentemente das suas homólogas de outros países europeus; na Grécia, porém, as chagas da ditadura continuam abertas. O inconsciente colectivo não esqueceu essa noite de sete anos; e a sociedade grega não perdoa tão facilmente como outras. [...]


Continue a ler este artigo no número de Janeiro do Le Monde diplomatique - edição portuguesa.

(clique no cartaz para ampliar)