Um espectro reaparece na Soeiro Pereira Gomes: o espectro da dissidência imaginada ou real que ameaça o monolitismo de uma instituição incapaz de projectar o debate político com descontracção segundo argumentos políticos verdadeiros. Antes mascara a sua incapacidade para a discussão política com processos de comportamento, transformando em ilícitos de carreira política o que nunca deveria ter deixado de ser a urgente discussão do projecto político, da sua renovação e abertura à realidade, única via para preparar a alternativa. Os casos da deputada Luísa Mesquita, da Câmara Municipal da Marinha Grande e da Assembleia Municipal de Valongo, trazem de novo à ribalta os dolorosos estigmas que tomaram conta da Soeiro. Para os comunistas, não é com agrado que aquilo que deveria ser uma discussão política se projecte no espaço nacional como um problema de conduta pessoal iludindo o que é relevante. Os comunistas estão apreensivos e têmm razões para temer uma nova escalada da paranoia de dissidência.

Um documentário passado na RTP 1 volta novamente a pôr Fátima ao serviço do anticomunismo militante. Recorda-nos o “segundo segredo” de Fátima, que fazia apelo à conversão da Rússia, e tenta provar que em 13 de Julho de 1917 já “Nossa Senhora” tinha previsto a tomada do poder, a 7 de Novembro, por Lenine e os seus companheiros bolcheviques. A revelação do segredo pelo papa Pio XII, em plena batalha de Estalinegrado, foi considerada a altura mais oportuna para consagrar a Rússia ao “Imaculado Coração de Maria”. A afirmação do cardeal Cerejeira de que Fátima era a “miraculosa anti-Rússia” põe definitivamente Fátima ao lado da propaganda anticomunista do regímen salazarista.

Todos ganharam! Os britânicos conservaram as “red lines”, ficaram de fora de tudo o que não quiseram e alargaram um pouco mais o Canal da Mancha; os italianos levaram em triunfo o seu deputadozinho; os polacos a sua Ioannina e mais um juiz, etc. Os outros terão uma estóriazinha, falsa ou verdadeira para contar no regresso aos seus, para não ficarem mal na foto de família.

No mesmo dia em que patrões e sindicatos europeus assinam acordo em torno dos princípios da "flexigurança", cerca de 200 mil manifestantes gritam em Lisboa: "Emprego de qualidade, não à precariedade". CGTP já fala na maior manifestação dos últimos 20 anos e garante que o dito acordo não passa "de um documento de análise do mercado de trabalho".

"Em vez de criar condições de trabalho e remuneração para atrair e fixar os médicos nos serviços públicos, o governo opta pelo que lhe é mais fácil: um parte time nos hospitais. Os bancos e as seguradoras agradecem e aplaudem mas dificilmente os portugueses poderão concordar com esta medida."