"A história não nos diz como devemos resolver os problemas, apenas nos diz que problemas teremos de resolver" é uma reprodução aproximada de uma frase do célebre historiador marxista Eric Hobsbawn. É tendo em conta este postulado que Jorge Nascimento Fernandes nos trás hoje uma resenha dos graves desvios esquerdistas do movimento comunista nos final dos anos 20 e nos anos 30 do século XX, expressos na consigna estalinista de "Classe contra Classe" empunhada pela Internacional Comunista. A razão para trazer à baila assuntos aparentemente mais vocacionados para a dormência na naftalina, é que o mesmíssimo desvio esquerdista impera afinal hoje em diversas organizações de esquerda, em particular do PCP, a partir, e com maior evidência, desde o seu XVI Congresso. É pois importante ter em conta que nada do que hoje se passa é assim tão inédito e apresenta afinal importantes e esquecidos antecedentes. O combate contra o esquerdismo e o sectarismo continua portanto na ordem do dia.

A publicação nos EUA da obra "O Socialismo e a sua Cultura" de N. Bukharine, escrita nas adversas condições da sua prisão em Março de 1937 onde viria a ser executado um ano depois, é um grande acontecimento para o movimento comunista. O livro foi agora descoberto nos cofres bem fechados do arquivo de Estaline, de onde de resto têm surgido tesouros marxistas surpreendentes, e é publicado com a colaboração de Stephen Cohen o biógrafo de sempre de Bukharine. Analisa-se aqui de um ponto de vista pessoal o significado que pode ter hoje o texto até agora inédito de Bukharine para a renovação comunista. E dá-se conta das condições de luta e prospecção teórica muito difíceis em que Bukharine foi forçado a trabalhar, em Lubianka, a fábrica de horrores do estalinismo em Moscovo.

Cipriano Justo em novo e último artigo volta a intervir sobre a importante batalha eleitoral que se travou na cidade de Lisboa, e que foi redigido propositadamente entes de ser conhecido o desfecho das negociações para a governabilidade da Câmara.