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04 DE JUNHO DE 2009, QUINTA FEIRA
POR: Guilherme da Fonseca-Statter
Astrologia e Ciência Económica
"Ouvi há pouco a notícia de que, segundo o Banco Central Europeu, as expectativas da evolução económica tinham sido revistas em baixa e que a retoma na zona euro só chegará em meados do ano 2010." Lei-a mais um artigo do nosso colaborador Guilherme da Fonseca-Statter sobre a actual situação económica.
Ouvi há pouco a notícia de que, segundo o Banco Central Europeu, as expectativas da evolução económica tinham sido revistas em baixa e que a retoma na zona euro só chegará em meados do ano 2010. Mas ouvi mais. Ouvi também o comentário de um comentador, supostamente especialista na matéria, dizer que era com muita tristeza (ou desapontamento) que se ouviam estas notícias, na medida em que os “observadores†e os “analistasâ€, embora já tivessem dado o ano de 2009 como um ano “perdido†(do tipo “para esquecerâ€) esperavam que o ano de 2010 fosse mais animador.
Fez-me lembrar os tempos do Império Romano em que os “especialistasâ€, por encomenda ou a mando dos poderosos mais interessados, consultavam as vísceras de alguns animais ou o curso das estrelas para tentarem adivinhar o futuro...
Por outras palavras, à imagem e semelhança dos oráculos de antigamente, os “observadores†e “analistas†das nossas praças todas, viram-se agora para os oráculos do Banco Central Europeu e esperam ansiosos que haja “fumo branco†ou qualquer outro sinal que indique uma mudança nos ventos da economia. Estes modernos oráculos, em vez de consultarem as estrelas ou olharem para as vísceras de um qualquer cordeiro acabado de matar, consultam-se uns aos outros, mandam fazer uns inquéritos de opinião (optimismo procura-se e dão-se alvíssaras...) mas, sobretudo, consultam as iterações de uns programas de computador (a nova forma da magia ancestral...) para verem se a economia está a andar para a frente, para trás, ou simplesmente parada.
No entretanto, os prosaicos e pragmáticos empresários e gestores vão fazendo pela vida e, quando é preciso, lá vão despedindo mais uns milhares de trabalhadores e cancelando mais umas encomendas Enfim, tudo que seja preciso para reduzir custos e manter alguns níveis de lucro...
Claro que todas essas decisões são susceptíveis de quantificação e parametrização (nos tais programas de computador...) pelo que sempre vai havendo algum grau de probabilidade nas previsões que eles vão avançando.
O problema básico e fundamental será então o de saber determinar e calcular em que ponto se vai dar a inflexão positiva. Em que ponto – quando é que - o desânimo dos empreendedores e a cautela dos consumidores vão dar, de novo, lugar ao entusiasmo de uns e à confiança de outros. Essa é a questão, como diria um observador armado em Shakespeare amador.
Há várias formas de manter a carroça da economia a andar. Basicamente ou se puxa com uma corda ou se empurra com um pau. A “corda†serão a confiança dos consumidores com capacidade e poder de compra. Só optimismo e vontade de gastar não chega!!! O “pau†serão as obras públicas, logo de iniciativa estatal. Quer as medidas do tipo da “cordaâ€, quer as medidas do tipo do “pau†têm os seus problemas (a tentação de recorrer ao crédito, o aumento do défice orçamental...) mas isso não vem agora ao caso.
Embora as medidas anunciadas sejam dos dois tipos, até agora as medidas tomadas e anunciadas são mais do tipo da “corda†do que do tipo do â€pauâ€. O problema estará em que, dentro da “caixa mental†dos nossos economistas e governantes, uma vez que haja “optimismo†e “confiançaâ€, as coisas acabarão por correr sempre bem ou, pelo menos, o melhor possível no melhor dos mundos possíveis.
E é aí que entra a astrologia e o recurso aos oráculos... Como dizia o tal comentador, supostamente especialista, para já ficaram todos “muito tristes†com a notícia.
Eu também. Sobretudo porque, pelos vistos, continuam todos os “especialistas†à espera de uma qualquer conjugação dos astros que faça aumentar o optimismo dos empreendedores e a confiança dos consumidores.
A ver vamos, como diria um cego...

Guilherme da Fonseca-Statter
4 de Junho de 2009



 

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