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14 DE JUNHO DE 2009, DOMINGO
POR: João Semedo
A derrota do PS e a alternativa socialista
No rescaldo das eleições para o Parlamento Europeu temos vindo a inserir diversos textos que permitem uma melhor compreensão dos resultados eleitorais. Incluímos hoje um texto original do renovador, mas também deputado do Bloco de Esquerda, João Semedo.
Como é habitual em todas as eleições, os resultados do passado domingo originaram uma multiplicidade de comentários, análises, interpretações e leituras. E não poucas mistificações, também.
No entanto, há duas evidências sem contestação: a derrota do PS e o crescimento da esquerda à esquerda do PS.
A derrota do PS é estrondosa, foi um dos piores resultados de sempre. À esquerda do PS, a esquerda vale mais de 20%, um crescimento para o qual o Bloco deu o principal contributo: por cada novo voto no PC, o Bloco conquistou três novos eleitores.
O PS diz-se vítima da crise e atribui à crise a sua derrota. Não é verdade. As razões da derrocada eleitoral do PS são muito anteriores à crise e têm raízes na frustração das expectativas de esquerda que levaram o PS à vitória e à maioria absoluta em 2005. Rendido à economia de mercado em versão ultra-liberal, José Sócrates governou em função dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros e não dos problemas e necessidades da base social e eleitoral que lhe deu a maioria.
Escolhido para governar pela esquerda, Sócrates deslocou-se em sentido oposto. Governou à direita, não se distinguindo em aspectos essenciais dos governos conservadores e de direita que, nos últimos anos, dominam a maior parte dos países da União Europeia.
É esta contradição entre as expectativas que lhe deram uma maioria absoluta e a realidade do que foi a sua governação que explica o desastre eleitoral do PS.
A crise apenas tornou mais evidente esta contradição. A crise tornou mais claro que o governo do PS é mais lesto a salvar banqueiros aflitos que a apoiar os trabalhadores atirados para o desemprego e a pobreza. A crise deu mais nitidez à deslocação do PS para a direita e ao seu afastamento de uma linha anti-capitalista. O PS, como tantos outros partidos sociais-democratas, socialistas ou do centro-esquerda por essa Europa fora, afastou-se da sua matriz socialista, descaracterizou-se e a sua identidade política e programática perdeu-se nos labirintos da economia capitalista.
Durante a campanha, o PS pediu o voto em Vital Moreira para depois votar Durão Barroso. O PSD pediu o voto em Paulo Rangel para depois apoiar e votar Durão Barroso. Nestas condições, como é possível encontrar qualquer diferença com significado? Como se pode afirmar que um está à esquerda e outro à direita ? Como distingui-los um do outro?
Não chegou a um milhão os que votaram no PS. Foram muitos mais os que deixaram de votar PS, recusando patrocinar as políticas de José Sócrates.
Foi o PS que perdeu as eleições, não foi a esquerda. A esquerda cresceu e cresceu contra as políticas do PS.
Tal como em 2005, nestas eleições o eleitorado inclinou-se para a esquerda. Cresceu a esquerda que se bate por uma rotura com as políticas do "centrão" e por uma viragem à esquerda.
Os resultados provam que a esquerda socialista e popular está mais forte, traduzindo a força crescente dos que não se resignam e querem uma mudança real na política do país.
São muitos os que, não tendo votado agora, não desistiram nem se desinteressaram dessa alternativa. Homens e mulheres que não querem voltar a ser enganados. Que procuram outra política, mais solidária e menos autoritária. Uma política de esquerda, uma política anti-capitalista.
A três meses das eleições legislativas, os resultados do passado dia 7 demonstram ser possível (e também necessário) acrescentar mais vontades e novos protagonistas a esta dinâmica de mudança social e política. Aproximar, agregar, incluir, deslocar para a esquerda do PS os eleitores socialistas que ainda votaram no PS e os que se abstiveram, dar mais força e mais dimensão à esquerda socialista, é um processo decisivo para a afirmação de uma alternativa anti-capitalista ao governo de José Sócrates.
Os resultados das eleições para o PE abrem novas expectativas para a esquerda.
João Semedo


 

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