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04 DE FEVEREIRO DE 2007, DOMINGO
por Bernardino Aranda
A Estratégia do Bloco de Esquerda em Lisboa
A experiência «Lisboa é gente», em torno da figura de José Sá Fernandes e apoiada pelo Bloco de Esquerda, é um exemplo para a toda a esquerda.
A experiência «Lisboa é gente», em torno da figura de José Sá Fernandes e apoiada pelo Bloco de Esquerda, é um exemplo para a toda a esquerda.

Essencialmente, «Lisboa é gente», é uma plataforma de entendimento entre o BE e um independente, que não está ligado a nenhum partido, mas que conseguiu trazer para a vida política da cidade toda uma série experiências e sensibilidades diferentes, de pessoas que fazem parte, no fundo, da sua rede de contactos e amizades.

Ou seja: a grande mais-valia desta plataforma, vem, em grande medida, do voto de confiança num independente, dando-lhe espaço e responsabilidade para a liderança de um projecto que tem tido enorme sucesso, a bem de Lisboa.

Esse mérito cabe ao Bloco de Esquerda, que poderia ter “concorrido normalmente”, mas que decidiu convidar uma personalidade que de outra forma, talvez nunca tivesse avançado.

Sublinhe-se também que o MPT e o Movimento de Renovação Comunista, aderiram a esta plataforma, sendo o nosso camarada João Bau, por exemplo, eleito na Assembleia Municipal e na Assembleia Metropolitana.

Uma forma diferente de fazer oposição

«Lisboa é Gente» tem feito algo de totalmente novo e inovador enquanto oposição num órgão autárquico.

Por um lado, é uma oposição que tem apresentado uma quantidade substancial de propostas na Câmara Municipal (algo nada habitual no poder local). Para além disso, Sá Fernandes, dispõem-se a negociar com as outras forças políticas, tendo conseguido mesmo aprovar várias propostas importantes para a cidade… Não joga permanentemente o jogo do “tudo ou nada”, porque sabe que assim seria sempre “nada”.

Por outro lado, Sá Fernandes desmultiplica-se em visitas às juntas de freguesias, associações e serviços da Câmara, numa ânsia de conhecer os problemas dos munícipes e o funcionamento da máquina camarária. No fundo, colmatando como pode uma das principais limitações do Bloco: A falta de uma rede de simpatizantes, conhecedora do terreno, e com disponibilidade para cooperar com o projecto.

Finalmente, José Sá Fernandes é hoje um símbolo do combate à corrupção e aos interesses imobiliários na cidade.

O caso mais emblemático foi a da denúncia da tentativa de corrupção de que foi alvo, mas são também de salientar os longos anos de trabalho cívico, como advogado, em torno dessas causas, bem como o trabalho intenso de investigação, já como Vereador, em torno de casos, no mínimo, muito pouco transparentes.

O caso do Parque Mayer como case study sobre as dificuldades da esquerda

A recente acusação / constituição como arguidos pelo Ministério Público de empresários da construção civil, vereadores e Directores Municipais, tornou ainda mais evidente que o BE e José Sá Fernandes lideram a oposição à maioria camarária.

O PCP, achando cada vez mais insuportável este facto, virou baterias para o Bloco e não parou de afirmar o BE votou favoravelmente da permuta dos terrenos.

Não falando do problema da sonegação de informação à Assembleia Municipal – que já foi demonstrado – a verdade é que o BE não tinha na altura, praticamente, experiência autárquica. Ainda hoje tem muito pouca, a comparar, por exemplo, com o PCP… E quem diz experiência, diz meios, activistas nos serviços da Câmara, o tal conhecimento e experiência do terreno.

O PCP, que tantos e enormes erros históricos cometeu e dos quais (muito bem), mais tarde, se arrependeu, acha agora absolutamente ultrajante e ponto central no debate sobre a crise que atravessa a Câmara, que os 2 deputados que o BE tinha naqueles tempos, na Assembleia Municipal, tenham errado no voto de uma proposta.

O PSD agradece, pois agrada-lhe a perspectiva de descredibilizar o Bloco, Sá Fernandes e as suspeitas de corrupção em torno deste caso. “O Bloco até votou a favor. Os únicos que votaram contra foram os do PCP”, disse o Vice-Presidente da Câmara na SIC.

Enquanto isso, no Bloco, este estilo de atitudes, cria naturalmente anti-corpos contra o “PC” e dificulta bases de entendimento futuras.

Um entendimento à esquerda é necessário

Partamos do case study acima descrito.

Não é evidente que José Sá Fernandes e o BE em Lisboa são uma realidade totalmente incontornável se quisermos falar numa mudança politica de folgo para a cidade?

E não é evidente que faz falta à «Lisboa é gente», a enorme experiência de trabalho no poder local do PCP e a sua estreita ligação a alguns sectores populares, colectividades, trabalhadores da Câmara, etc.?

E não é evidente que era importantíssimo para Lisboa, para o país e também para a esquerda, que a capital não fosse governada, alternadamente, ora pela concelhia do PSD, ora pela concelhia do PS?




 

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